Inaugurada oficialmente sob a denominação de Fábrica de Pólvora sem Fumaça, em 15 de março de 1909, passou a ser chamada de Fábrica de Pólvoras e Explosivos de Piquete por força do Decreto nº 878, de 3 de junho de 1936. Em 1939, por meio do Aviso Ministerial nº 328, de 29 de abril, para simplificação, foi novamente mudado o seu nome para Fábrica de Piquete. Finalmente, quando da visita à Fábrica do então Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, em 8 de dezembro de 1942, numa cerimônia no salão nobre do Círculo Militar da Estrela, foi assinado, em ato solene, o Aviso nº 3231, segundo o qual a Fábrica de Piquete passou a denominar-se Fábrica Presidente Vargas.
Para acompanhar de perto as obras de expansão dessa indústria bélica, a menina dos olhos do Ministério da Guerra, o presidente Getúlio Vargas visitou a Fábrica de Piquete em 17 de julho de 1939. Foi uma visita memorável, ainda lembrada por ex-funcionários. O presidente, acompanhado pelo Ministro da Guerra, General Eurico Gaspar Dutra, e o chefe de sua Casa Militar, Francisco José Pinto, foi cumprimentado na escadaria do Cassino dos Oficiais pelo Almirante Guilhem, Ministro da Marinha, pelo Dr. Adhemar de Barros, Interventor Federal no Estado de São Paulo, generais Maurício Cardoso, Comandante da 2ª Região Militar, Lúcio Esteves, Comandante da 5ª a Região Militar, Sílio Portela, Diretor do Material Bélico, Raimundo Sampaio, Diretor de Engenharia, e pelo Coronel José Gomes Carneiro, Diretor da Fábrica de Piquete. Lá estava também grande número de oficiais, autoridades, pessoas gradas, famílias, estudantes e o povo de Piquete.
A banda dos operários da Fábrica executou o Hino Nacional e uma seção de artilharia deu as salvas regulamentares. Em seguida, o Contingente da Fábrica apresentou armas em continência, enquanto os estudantes das escolas de Piquete agitavam centenas de bandeirinhas brasileiras. O regozijo foi geral – em cada fisionomia um sorriso de simpatia e uma expressão de curiosidade pela figura simples e afável do magistrado supremo do país. No salão de honra do Cassino, o Coronel Gomes Carneiro, Diretor da Fábrica, apresentou todos os oficiais que serviam sob suas ordens, bem como alguns técnicos civis contratados.
Mais tarde, todos se dirigiram para o jardim em frente à administração, no interior da Fábrica, onde o presidente foi saudado pelo Coronel Gomes Carneiro que, em nome da diretoria, da administração e da oficialidade deu as boas-vindas ao insigne visitante.
O operário Augusto Ribeiro de Souza, em nome do operariado saudou também o presidente, e a menina Maria Augusta Beraldo Leite declamou com graça e naturalidade uma poesia dedicada ao chefe da nação. Os alunos da Escola Pública da Fábrica, dirigidos pela Prof.ª Cenira Araújo, e todos os operários, sob a direção do Cap. Bibiano Sérgio Dale Coutinho, cantaram o Hino Nacional. Em seguida, um batalhão constituído pelo Contingente da Fábrica e por mais de mil operários desfilaram recebendo palmas pelo garbo, disciplina e entusiasmo com que se apresentaram. Após essa solenidade, o presidente da República iniciou a visita à Fábrica percorrendo demoradamente todos os grupos de fabricação.
Ao chegar às obras de instalação da fábrica de pólvora de base dupla, foi recebido e saudado pelo chefe da Comissão Construtora da “Base Dupla”, Cel. Luiz Sá Affonseca.
Terminada a visita às instalações fabris, o presidente da República dirigiu-se ao “Hospital da Estrela”, onde hoje se encontra instalado o Fórum, e percorreu a vila operária em construção ao lado. Terminada a visita, o presidente não escondeu o entusiasmo por tudo que observara, tendo ressaltado a disciplina, a ordem, o asseio e a perfeita compreensão de responsabilidade de todos que empregavam suas atividades no maior e mais importante estabelecimento fabril do Ministério da Guerra. À noite, no salão do Cinema, magnificamente engalanado, foi servido um jantar pela direção da Fábrica.
Após o banquete, o Presidente foi presenteado com um artístico bronze pelo Coronel Gomes Carneiro, que discursou agradecendo a honrosa visita. Ante o inesperado da cerimônia, o Presidente, visivelmente comovido, agradeceu com palavras repassadas de emoção a lembrança doada pela Fábrica de Piquete.
Antes de se retirar, inaugurou a iluminação do campo de esportes dos operários e recebeu estrondosa manifestação do povo que, em massa, aglomerava-se para novamente o saudar.
Em outubro de 1940, o presidente Getúlio Vargas, participando de manobras militares no Vale do Paraíba, fez uma segunda visita à Fábrica. Foi, com carinho, que a oficialidade, o operariado e a população de Piquete receberam a notícia de que a Fábrica de Piquete, a partir de 8 de dezembro de 1942 passaria a se chamar Fábrica Presidente Vargas.
Antônio Carlos Monteiro Chaves
Texto publicado originalmente No informativo O ESTAFETA, edição 146, de março de 2009.
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