Natais inesquecíveis. Era tradicional a entrega de roupas e brinquedos aos filhos menores dos funcionários pela Fábrica Presidente Vargas. Agrupados por faixa etária e sexo, dentro de determinado limite de idade, era comum numa mesma família dois ou três filhos receberem presentes idênticos.
Esses brinquedos, em muitos casos, eram os únicos que “Papai Noel” colocava nos sapatinhos dos pequenos no dia de Natal. E nem por isso tal oferta agradava a grande número de operários, que reclamavam da qualidade dos mesmos. Eram entregues nas repartições da Fábrica, dias antes do Natal.
Pelo início da década de 1960, a distribuição passou a ser efetuada no Jardim da Infância, previamente ornamentado com motivos natalinos. E ali os presentes iam diretamente para as mãos das crianças ou dos pais.
No ano de 1965, o general Adhemar Pinto, diretor da Fábrica, mudou a sistemática. A Fábrica não mais distribuiria esses presentes. Mais uma vez ouviu-se a grita de alguns, agora, pela ausência dos brindes. O general Adhemar, à frente de uma excelente equipe de colaboradores, decorou a Praça Duque de Caxias, transformando-a num verdadeiro recanto de “contos de fadas”. Belíssima árvore artificial de 12 metros de altura imperava majestosa no centro da praça. Durante o dia inteiro do Natal, todas as crianças de Piquete, indiscriminadamente, esbaldaram-se.
Barracas de sanduíches e refrigerantes serviam os pequenos à vontade. Um grandioso parque de diversões ali instalado, muito bem aparelhado, divertia a quem desejasse, gratuitamente. Um “trenzinho” repleto de crianças, construído na própria fábrica, percorria as ruas da Vila. No Elefante Branco, valiosos prêmios eram sorteados. No Cine Estrela, sessões corridas de desenhos animados, com entrada franca. Um dia inteiro dedicado à criança, que era atendida em todos os seus sonhos.
Com a experiência adquirida, no ano seguinte, 1966, novamente a Praça Duque foi decorada. Desta vez, com nova decoração, pois se realizava o “Natal na Disneylandia”, homenagem ao recém-falecido gênio Walt Disney. Novo tipo de árvore foi criado e as opções de divertimentos aumentaram.
Já em 1967, embora no mesmo local, reverenciando o grande Monteiro Lobato, o Natal foi realizado no “Sítio de Pica-pau Amarelo”, para ali transferido. Via-se, além de nova árvore natalina, uma torre de petróleo, a casa do Jeca Tatu, a Emília, Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, Tia Nastácia e todos os personagens do encantado mundo lobateano.
Difícil descrever. Tudo ali oferecido, de graça, à infância piquetense. Sem dúvida, naquele dia, Papai Noel era “palpável”.
Mesmo com a remoção do general Adhemar Pinto, esses natais continuaram por mais alguns anos. Marcaram época. Deixaram saudade.
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