Há dois mil anos um casal – José e Maria – procurava um lugar onde o filho pudesse nascer. “Não encontrado um lugar na cidade, seu filho nasceu numa manjedoura”, num presépio.
A palavra presépio é de origem latina e significa lugar onde se recolhe o gado, curral, estrebaria.
A cena do nascimento de Cristo, narrada por São Lucas (capítulo 2, versículos de 1 a 20) vem sendo montada durante séculos, de forma lúdica, proporcionando emoção estética e mística.
A mais antiga representação da Natividade é uma escultura num sarcófago do ano 325, que faz parte do acervo do Museu das Termas, em Roma. Nela, um pastor apoiado ao cajado contempla Jesus deitado sobre as palhas de um cocho, ladeado de um boi e um burro.
A tradição atribui a São Francisco de Assis a primeira representação viva e pública do presépio, em 1223, na cidade de Greccio, região da Umbria, norte da Itália, o que lhe valeu o cognome de “Patrono Universal do Presépio”. A ideia foi imitada por conventos, igrejas e o povo em geral. E o presépio passou a ser fonte inspiradora para artistas da cristandade.
Até o final do século XIII, além de José e Maria, um burro e uma vaca eram presentes nos “autos de Natal”, peças religiosas muito em voga na Idade Média.
A presença de imagens nos presépios, principalmente de barro, ocorreu a partir do século XlV. Com o passar do tempo, enriqueceram-se os presépios com novas personagens e riqueza de cenários, atingindo o apogeu no século XVIII.
Em Nápoles, que se tornou o maior centro produtor de presépios, acrescentaram-se anjos, pastores e ovelhas, os três Reis magos e seus camelos, o galo e a estrela de Belém. Aos poucos somaram-se figuras representativas das diversas profissões do povo. Ao burro, vaca, carneiros e camelos juntaram-se outros animais – domésticos e selvagens. Essa inclusão tinha a finalidade de mostrar que a sociedade dos homens e o reino animal louvavam o nascimento do Salvador.
Da Itália o presépio espalhou-se por todo o mundo cristão, obra dos franciscanos e jesuítas em suas rotas missionárias. Ao Brasil foi trazido pelos portugueses e difundido, de modo especial, pelos padres jesuítas, como elemento auxiliar na catequese dos índios. O padre Fernão Cardim, em 1583, já o menciona na sua obra informativa. Em Olinda, no século XVI, o franciscano frei Gaspar de Santo Agostinho iniciou a dramatização da cena da Natividade, com cantos populares e produção literária anônima.
A grande devoção dos portugueses ao Menino Jesus concorreu para a implantação do presépio em nosso país, sendo o padre Anchieta um de seus maiores incentivadores.
No século XVIII, a tradição presepista atingiu o vale do Paraíba, o convento de Santa Clara, em Taubaté, o grande ponto de irradiação para Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Em Taubaté surgiram artesãos – os famosos “figureiros”, que incorporaram aos presépios animais da fauna valeparaibana: o gambá, a onça pintada, a cobra e o pavão, chamado de “galinho do céu”.
O folclore matizou o presépio brasileiro com lendas e superstições, como “a dos sete anos” e “a das sete visitas”. Quem arma um presépio, deve montá-Io durante sete anos consecutivos, pois assim “terá muita sorte e ganhará o céu”. Quem visitar sete presépios no dia de Natal, relembrando a jornada dos Reis Magos, também “terá muita sorte e ganhará o céu”.
Com o avanço da tecnologia, o homem foi, aos poucos, afastando-se de suas tradições: o Menino Jesus substituído pelo Papai Noel e o presépio, por outros símbolos natalinos, o que revela a lenta dessacralização da maior festa do Cristianismo. Infelizmente!
A Arte de Montar Presépios
No final do ano, inspirados pelo nascimento de Jesus, conforme as Escrituras, os povos do mundo inteiro, por tradição e fé, reproduzem as cenas do primeiro presépio.
Dos mais simples aos mais sofisticados, usando diferentes técnicas e materiais, artistas e anônimos se empenham na arte de montar presépios, atividade que cativa e atrai a curiosidade da população, que busca nessas representações o anúncio da Boa Nova.
Essa tradição natalina, bastante familiar no Brasil nasceu com São Francisco de Assis e foi por ele popularizada a partir de 1223, quando montou o primeiro presépio nos bosques de Greccio, na Umbria, Itália. O objetivo de São Francisco de Assis era difundir o culto ao Menino Jesus. A popularização veio entre os séculos XIII e XIV, com a inclusão de tipos populares, além de diferentes aspectos da vida do campo e das cidades.
A partir do século XVI, o presépio passou a se dramatizado, o que lhe deu caráter de teatro religioso, estimulado principalmente pelos jesuítas.
O presépio tem como personagens centrais o Deus Menino, que não pode ser representado ao vivo, sua Mãe e José, além dos animais domésticos, a manjedoura, os três Reis Magos, o Anjo da Glória, os pastores, gente do povo etc.
No interior brasileiro, a tradição é armar a “lapinha” – um presépio simples, que consiste num pedaço de tábua com varetas que, unidas, dão forma de abóboda, onde fica pendente o Anjo da Glória. O toldo é recoberto com papel de seda e enfeites de flores artificiais. O Deus Menino é deitado num cocho forrado com um pano enfeitado de rendas.
Em muitas cidades interioranas persiste o costume de visitar as casas que armam presépios. Os grupos visitantes saem à noite, relembrando a jornada dos Reis Magos, que se guiavam por uma estrela. Segundo as lendas e superstições, quem monta um presépio uma vez deve montá-lo por sete anos consecutivos e, a cada ano, incluir uma nova figura, pois se acredita que sem isso se deixa de homenagear o Menino Jesus.
Dos pequenos lugarejos aos grandes centros, das igrejas às grandes lojas, nas praças e nas matrizes, os presépios, neste período do ano, encantam a todos. A simplicidade da manjedoura, no centro de um presépio, leva-nos a um encontro com Cristo, nos convida à conversão e renovação, para transformarmos a sociedade e nela realizarmos o plano de amor ao Pai.
Textos: Antônio Carlos Monteiro Chaves
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