Era uma terça-feira, 10 de novembro de 1959… O país inteiro ainda estava sob a emoção das comemorações, pela vitória na Copa do Mundo de 1958. O herói da Copa, o maior ídolo do futebol, àquela época, era ainda um adolescente. Seus dribles, seus gols, sua comemoração única – o salto com o punho cerrado para o alto – imitada até hoje, encantavam a todos. Era ele; ainda hoje, mais de 60 anos depois, conhecido mundialmente como Rei, o atleta do século, nosso Rei Pelé. Ele estava em nossa cidade. A população estava agitada, o estádio do Estrela Futebol Clube estava lotado.
Pelé fazia parte, além do Santos, no seu auge, da Seleção das Forças Armadas. Essa seleção, montada com intenções promocionais, excursionava por várias cidades, fazendo amistosos. O jogo contra o Estrela Futebol Clube era um reconhecimento. O time de nossa cidade era um dos ícones do futebol de São Paulo.
Um grande espetáculo. Uma demonstração do futebol-arte, de jogadores espetaculares. Muitos gols. Tudo isso era aguardado com ansiedade por todos os torcedores que estavam presentes no Estádio àquela noite. Alguns torcedores “viraram a casaca”; piquetenses estavam torcendo pelo time adversário. Os súditos se deixaram levar pela figura do Rei, o sangue azul falou mais alto do que o amor pelas raízes. Mas foram só alguns, a maioria se manteve fiel.
A Seleção visitante contava, entre outros, com Jucemar, Daniel, Ariston, Gonçalves, Baltágria, Manoelzinho, Pelé e Cacau.
O futebol, porém, já era, como ainda o é, uma “caixinha de surpresas”. Nosso time, cuja escalação contava com o goleiro Cobra, Nei, Giba, Adão, Zé Pretinho, Batista, Ivo, Ivã, Eli, Ilton e Pingo, venceria por 3×2.
Que vitória! Vencíamos o time que tinha o maior atleta do país, a revelação do campeonato mundial, a maior estrela do futebol brasileiro. Era a honra das honras.
Não foi um jogo fácil. O atleta do século deveria jogar apenas por meio tempo. Sua maratona de jogos era muito exaustiva, ele se apresentava apenas na primeira metade da partida. Era suficiente para fazer brilhar ainda mais sua estrela, encantando a todos com seus lances inigualáveis. Nesse dia, contudo, seria diferente; o esperado aconteceria. Pelé estava nervoso e, muito marcado pelo nosso “Zé Pretinho”, não conseguiu se apresentar bem. Como capitão da sua equipe, desentendeu-se com o juiz, Sr. D’Amico, o qual chegou a cogitar sua expulsão. Só não o fez por motivos óbvios: causaria uma revolta entre os torcedores que ali estavam para vê-lo jogar. O início do jogo parecia demonstrar que tudo sairia como se havia previsto: o primeiro gol foi dele: Pelé. Após uma disputa de bola dentro da área com o goleiro e com o seu carrasco, Zé Pretinho, ele aumentou a sua contagem de gols marcados. Logo saíram mais gols, sendo que o segundo da seleção das Forças Armadas foi conseguido através de um pênalti, e o placar, ao final do primeiro tempo, foi de 2×2.
Bem, o resultado parcial da partida fez com que o povo saísse ganhando. O Rei voltou a campo. O dia estava para os piquetenses. Ao final do segundo tempo, quando todos já comemoravam aquele empate com o time do Rei, faltando apenas cinco minutos, o jovem Eli marcaria o gol que deu ao nosso Estrela a honra da vitória sobre o time tão comemorado.
Foi a glória. A comemoração foi grandiosa. Os ânimos se acalmaram entre os derrotados e a confraternização foi total. Tudo terminou em emoção, fotos e autógrafos. Foi mais um dia de alegrias proporcionado pelo nosso Esporte Clube Estrela.
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