Um pouco sobre a Estação Ferroviária “Estrella do Norte”, inaugurada em 1909, atendia, especialmente, aos moradores da Vila Militar da Estrela.
A Estação Ferroviária Wenceslau Braz
Poucos em nossa cidade sabem que a Estação Ferroviária Estrela do Norte, do ramal férreo Lorena-Piquete, já foi denominada “Estação Wenceslau Braz”.
Essa mudança de nome ocorreu em 1918 e, felizmente, não pegou, permanecendo o nome ainda hoje consagrado – “Estrella do Norte” –, referente à antiga fazenda de café comprada pelo governo federal, em julho de 1905, para a construção da Fábrica de Pólvoras sem Fumaça.
A prática de atribuir nome de figuras importantes de uma determinada comunidade a bens e logradouros públicos é bastante comum no Brasil como forma de prestar homenagem a tais pessoas. Essa prática reflete o desejo de perpetuar na memória das gerações o nome dos que, de alguma forma, contribuíram para o benefício de todos. No entanto, um problema detectado em muitos municípios brasileiros é a mudança constante de nomes de logradouros – praças, ruas, avenidas, monumentos, etc… Muitas vezes, essa mudança de denominação serve apenas aos interesses dos mandatários políticos do momento, desprezando-se, em consequência, a memória, a história e a tradição da localidade.
Quanto à mudança do nome da Estação ferroviária Estrella do Norte, foi um ato intempestivo, impensado. Não que o iminente mineiro de Brasópolis, Wenceslau Braz Pereira Gomes, não merecesse uma homenagem. Presidente da República no período de 1914 a 1918, esteve em Piquete em visita à Fábrica de Pólvora sem Fumaça, na manhã de 20 de maio de 1918. Poucos meses antes, em 26 de outubro de 1917, o Brasil havia entrado oficialmente na Primeira Guerra Mundial. A Fábrica de Piquete, pela importância estratégica, foi comunicada de imediato, posta em prontidão com vigilância redobrada e teve sua produção aumentada significativamente, de maneira que, em dezembro daquele ano, um lote de pólvora de base simples foi enviada pela primeira vez para a Marinha.
Quando de sua visita à Fábrica, o Presidente Wenceslau Braz se fez acompanhar pelos Ministros da Guerra, Marechal José Caetano de Faria, e da Viação e Obras Públicas, Tavares de Lyra; pelo Diretor de Material Bélico, General Feliciano Mendes de Morais, além do Diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil, Dr. Aguiar Moreira, e de membros das Casas Militar e Civil da Presidência da República. Foram recebidos com todas as formalidades, percorreram todas as oficinas e dependências da Fábrica, “recebendo a melhor impressão”, conforme exprimiu o Presidente em eloquente e afetuosa alocução que dirigiu a todo o pessoal da Fábrica por ocasião do almoço que lhe foi servido, no Cassino dos Oficiais, na Vila da Estrela, antes de seu regresso, às 14 horas.
Voltada para a defesa nacional, a importância estratégica da Fábrica levou o governo federal a determinar, de imediato, a construção da Estrada de Ferro Piquete-Itajubá, não só para escoamento de produtos, mas também para o transporte de tropas militares, com a finalidade de garantir a segurança dessa indústria bélica.
Logo após a honrosa visita presidencial e das altas autoridades governamentais, em aditamento ao artigo 2º do boletim nº 44 de 21 de maio de 1918, da Diretoria da Fábrica, foram dados os nomes de “Dr. Wenceslau Braz”, “Tavares de Lyra”, “General Moraes” e “Aguiar Moreira”, respectivamente, às estações e paradas “Estrella do Norte”, “Parayba”, “Limeira” e “Bela Vista”.
Por pouco tempo, em alguns documentos oficiais esses nomes foram registrados, voltando naturalmente a ser escritos os nomes consagrados quando da inauguração do ramal férreo Lorena-Benfica, em 15 de setembro de 1906.
Antônio Carlos Monteiro Chaves
Publicado no informativo O ESTAFETA, edição 147, de Abril de 2009.
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