Marco na paisagem urbana piquetense, o conjunto arquitetônico formado pela Praça Duque de Caxias e o Ginásio Duque de Caxias é um amplo espaço cívico que há setenta anos influencia na qualidade de vida da população, enfocando aspectos físicos, ambientais e de uso. Construído pela Fábrica Presidente Vargas, sua inauguração ocorreu na manhã do dia 8 de novembro de 1952. Esse foi mais um grande presente recebido pelos piquetenses.
Durante os dias que antecederam o evento, enquanto os operários da quarta divisão da Fábrica se esmeravam nos detalhes finais da obra e no ajardinamento, a população, numa ansiedade natural, esperava pela festa. O diretor da FPV, Cel. Almir Autran Franco de Sá, convidou para inaugurar a nova praça o general Waldemar Brito de Aquino: justa homenagem a este militar responsável por grande parte das obras sociais desenvolvidas em Piquete nas décadas anteriores, durante o período em que foi diretor daquela instituição fabril. Durante sua gestão, com a colaboração do major José Pompeu Monte, o gen. Aquino desenvolveu um projeto educacional que transformou Piquete e o tornou referência nacional: criou um departamento educacional com Ginásio, Escola Industrial, Escola Agrícola, Escola Normal e Jardim da Infância. Construiu, também, o hospital, vilas operárias, e foi o responsável por um amplo projeto de urbanização da cidade. Daí a importância de sua presença ao evento.
Querido pela população, seu retorno a Piquete era aguardado com expectativas. No dia da inauguração, desde as primeiras horas da manhã, a população se dirigia para o local. Às 9h, a Praça, toda enfeitada, se agitava devido aos populares que vinham de diferentes pontos do município. Em formatura, lá se encontravam os praças do Contingente e os alunos do Departamento Educacional, assim como representações do operariado. A oficialidade, autoridades civis e religiosas, e também seus familiares davam um tom elegante à festividade.
O general Waldemar Brito de Aquino, ao chegar ao local, foi recebido pelo coronel diretor e seus oficiais, e encaminhado para o interior do “Gymnasium de Esportes Duque de Caxias”, que se encontrava repleto de visitantes. Essa obra, devido ao seu tamanho, desde sua construção tornou-se conhecido como Elefante Branco. Sob aplausos, o general Aquino descerrou a placa de bronze dando por inaugurado o prédio. Discursaram na ocasião o cel. Almir Autran Franco de Sá, o tenente Bartholomeu Siqueira de Moraes Ferreira e, finalmente, o general Aquino. Seguiu-se, logo após, a cerimônia de inauguração da Praça Duque de Caxias, alinhando-se toda a oficialidade no coreto de alvenaria, em cujo centro se erigia o busto do patrono do Exército Brasileiro. Hasteada a Bandeira, depois da continência de estilo, desfilaram, com grande entusiasmo, os pracinhas do Contingente e os alunos e alunas do Departamento Educacional. Do programa desportivo inaugural do “Elefante Branco” constaram partidas de basquete e voleibol, em campeonato, com alunos do Departamento Educacional, participando os ginásios diurno e noturno, com disputa de valiosos prêmios.
A “Pracinha”, como se tornou conhecida, é um amplo espaço formado pelo Pórtico da FPV, “Cine Estrela do Norte”, “Grêmio General Carneiro” e “Grêmio Duque de Caxias”. Ao centro, um coreto ladeado por pérgulas e um bem cuidado jardim. Esse conjunto arquitetônico singular é único no Vale do Paraíba e exemplo de edificação de estilo eclético. É marco de uma época. O caráter simbólico dessa praça e sua ligação com o operariado, os estudantes e toda a população a tornaram um símbolo dos piquetenses. Grandes encontros cívicos foram nela realizados, atraindo grande massa popular, como em 15 de março de 1959, cinquentenário da Fábrica, quando um desfile cívico-militar contou com a presença de toda a população. O mesmo afluxo se deu em 15 de junho de 1991, centenário de Piquete, quando foi palco de memorável desfile.
Antônio Carlos Monteiro Chaves
Publicado no informativo O ESTAFETA, edição 130, de Setembro de 2007.
Em oito de novembro passado o Elefante Branco completou sessenta e um anos de existência. Parado e esquecido, ficaram as lembranças… Lembranças dos grandiosos bailes, das explosivas festas juninas, dos badalados desfiles de Mini Miss, dos competitivos jogos de basquete, vôlei e futebol de salão…
O Elefante Branco sempre teve suas portas abertas para eventos esportivos, culturais e sociais que envolviam a cidade de Piquete. Foi sede do primeiro e único campeonato de xadrez, que contou com mais de vinte duplas de enxadristas e sagrou campeão o Vanderlei Junqueira.
Quando a Associação dos Ex-Alunos deixou de funcionar à Praça da Bandeira, nº 100, foi instalar-se na parte de cima do Elefante Branco, espaço que logo ficou conhecido como Elefantinho.
O momento triste que o Elefante Branco registrou aconteceu em data de 4 de janeiro de 1958, quando serviu de velório para o corpo da saudosa Cecília Cruz, vitimada num acidente rodoviário na BR459, no trecho pertencente à Minas Gerais, na chamada “Curva do S”.
A cidade de Piquete sem o Elefante Branco fica tristonha, sem graça… Perde o foco do entretenimento.
Edival da Silva Castro
Crônica publicada no informativo O ESTAFETA, Edição 207, de Abril de 2014
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