O Parque Infantil Felisbina Rosa
No dia 25 de agosto de 1.941, como parte das comemorações do Dia do Soldado, foram inauguradas as instalações do Parque Infantil Felisbina Rosa junto à Praça Duque de Caxias, na Vila Operária de Piquete.
Destinado aos filhos de operários, o Parque tornou-se uma atração e espaço de lazer da cidade, atraindo visitantes não só do município, mas também de cidades vizinhas.
Dotado de uma seção zoológica, o Parque Infantil Felisbina Rosa nasceu nas pranchetas da 4ª Divisão da Fábrica, cujo chefe de construção e obras era o Major José Pompeu Monte. Reunia, em seu aspecto ornamental, a habilidade e o desenvolvido senso artístico de seus idealizadores e executantes – o Major Monte, que contou com a cooperação do funcionário Laércio José de Azevedo.
Na área central do Parque foram construídas amplas salas, onde foi instalado um museu de história natural, com uma coleção de animais empalhados da fauna brasileira. Ao redor, em viveiros adaptados, espécies raras de animais do continente americano, até então nunca vistos pelos visitantes: onça pintada, suçuarana, jaguatirica, gato do mato, quatis, preguiças, cotia, cachorro do mato, lobo guará, bugio, macaco prego, saguis, porco do mato, cateto. Havia, também, coloridas e barulhentas espécies de aves: urubu-rei, condor, gavião carcará, gavião pega macaco, coruja buraqueira, suindara, tucanos e araçaris, araras, papagaios e maritacas… Além de todos esses, um enorme tanque com espécies de animais e aves aquáticas: capivara, anta, tatu, paca, tartaruga e cágado, jacaré, coelho e lebre, paturi, pato selvagem, cisne, ganso, jaburu, garça, socó, colhereiro… Todas as jaulas eram amplas e bem adaptadas para as espécies. Do lado de fora, uma placa identificava o nome científicos e popular do animal e sua origem. Visitar o zoológico era também um aprendizado. Na área livre do Parque, brinquedos e balanços para entretenimento das crianças.
Naquele 25 de agosto também foi inaugurado um rinque de patinação, que fez a diversão de crianças e muitos marmanjos… Anos mais tarde, no local do rinque foi construído um belo aquário e a área central foi transformada no Jardim da Infância, inaugurado em 1.945.
O Parque Felisbina Rosa tinha duas entradas. Na principal, foi construída uma bela praça, na qual foi colocado junto ao portão, em um pedestal, o busto do Duque de Caxias. A cerimônia de inauguração da Praça contou com a participação de autoridades civis, militares e do Pe. Septímio Ramos Arantes, vigário de Piquete, os militares da Fábrica, o operariado, alunos da Escola Profissional recém-criada e das escolas públicas do município, além da população, que concorreu para abrilhantar o evento. O busto do Patrono do Exército foi descerrado por D. Ivone Schleder, esposa do diretor da Fábrica, Sílvio L. Schleder. Após discursos alusivos à data, todos se dirigiram, tendo à frente a Banda da Fábrica, para a outra entrada do Parque, às margens do ribeirão Benfica. Ali foi inaugurada outra praça, chamada Cel. Pompeu, com o descerramento de um belo trabalho escultórico do professor Laércio, que modelou em tamanho natural um menino, símbolo da criança de Piquete, razão da construção do Parque.
A expectativa dos presentes era grande. Todos queriam conhecer o zoológico, que seria inaugurado logo em seguida e aberto ao público para visitação. Por muitos e muitos anos, o zoológico foi atração turística da cidade. Visitantes de diversos lugares vinham conhecer os animais expostos. Romeiros que desciam a serra em direção a Aparecida, fosse a pé ou em caminhões, obrigatoriamente paravam para descansar e conhecer o Parque. Por cerca de quarenta anos o Parque foi a principal atração do município. No início dos anos 80 tentou-se repovoar o zoológico, mas sem alcançar o brilho inicial. Pouco tempo depois, os animais expostos foram transferidos para o IBAMA e outros criadouros oficiais. Foi o fim do Parque Infantil Felisbina Rosa.
Afinal, quem foi Felisbina Rosa, cujo nome foi dado ao parque infantil?
Naquele Dia do Soldado de 1.941, inaugurou-se, também, a Praça Duque de Caxias, herói da Guerra do Paraguai e Patrono do Exército Brasileiro. O Parque recebeu o nome de uma paulista, heroína daquele conflito. Quando da eclosão daquela guerra, Felisbina Rosa da Anunciação Fernandes e Silva, natural de Santos, era viúva e residia no Rio de Janeiro. Seu único filho fora convocado para a campanha do Paraguai. Movida por amor à pátria e pelo amor ao filho, decidiu acompanhá-lo aos campos de batalha. Apresentou-se como enfermeira e obteve as vantagens conferidas às religiosas da Santa Casa de Misericórdia, sendo designada para o hospital instalado em Montevideo. No ano seguinte, foi transferida para o hospital Avalos, em Corrientes, destinado aos praças. Felisbina Rosa esteve na frente de batalha da Passagem do Paraná e na batalha do Tuiuti, onde atendeu os feridos com abnegação e carinho. Regressou a Corrientes acompanhando os feridos dessa batalha. Estava assistindo um enfermo quando, repentinamente, no dia 31 de julho de 1866, sofreu um colapso cardíaco, falecendo em seguida. Seu filho, Joaquim Fernandes de Andrade e Silva, continuou a serviço do Exército, alcançando o posto de general.
Tendo em vista que a baiana Ana Neri somente partiria em agosto de 1865, os paulistas reivindicam para Felisbina Rosa o título de Primeira Enfermeira, que vem sendo conferido a Ana Neri.
Texto de Antônio Carlos Monteiro Chaves
Publicado no Informativo O ESTAFETA, edição 264, de Janeiro de 2019.
2 Comments
Bom dia!
Meu paizinho Ugo dos Santos hoje com 90 anos estava comentando sobre o parque Felisbina Rosa de Piquete.
O seu avô Onofre Antônio dos Santos foi também funcionário do Parque.
Somos moradores de Lorena, e ficamos muito emocionados com as histórias que ele nos contou. Obrigadaaaa fiquem com Deus! 🙏🏻❤️
Ficamos felizes por proporcionar boas lembranças, Susi.