Tônia Carrero em Piquete
Você sabia que a atriz Tônia Carrero residiu em Piquete por volta de 1930?
Maria Antonieta Portocarrero, conhecida nas artes cênicas pelo pseudônimo de Tonia Carrero, conta, em seu livro autobiográfico “O monstro de olhos azuis”, passagens do seu tempo de menina, quando viveu estudou em Piquete.
Reproduzimos abaixo, alguns trechos:
“Capitão virou Major, foi transferido. Mas agora a paisagem vai mudar. É montanha. Melhor; é mato mesmo. Brabo, perdido nos confins de Lorena. A família toda e Bá. Fábrica-de-Pólvora-Sem-Fumaça-Estrela-Piquete-São-Paulo.
Pro colégio, só de carroça com cavalo, porque atravessa um riacho que vira um rio cheio quando chove. A perna esticada alcança o banco fronteiro. Com o pezinho trava bem o corpo pra não virar de lado. Firme. Outros meninos sobem pelo caminho. Que beleza! A água espuma sob as rodas, depois só mato aberto. Um cheiro limpo. Tem a escolinha branca, a sala grande. A lembrança é vaga. Também pudera: primeiro ano de novo.”
“… Vamos fugir os quatro! Mas a gente vai ter fome. Melhor passar atrás do galpão do Cassino dos Oficiais pra pegar umas coisas de comer. Amendoim. Que ótimo! E toca a comer ali mesmo…”
“... Atrás do grande terreno da casa, um riacho com lírios brancos. E o triste canto do nhambu. O irmão mais velho faz arapuca. Cada pássaro lindo. Faz casinha de madeira pra coelho e porquinhos-da-índia. Tinha galinheiro. Patas. Pombos também...”.
“No cassino dos oficiais passava cinema mudo. Toda noite os mesmos filmes. Cócegas nos pés e Violetas Imperiais…”
“Que susto, meu Deus! No meio daquela calma, 1930, um estrondo de guerra... A gente não ia ao colégio. Papai fabricava pólvora? Era pros tiros… Getúlio no poder. volta tudo pro Rio”.
Fonte de consulta: CARRERO, Tônia – O monstro de olhos azuis (memórias) – L&PM Editores S/A – 1986 – 1a Edição.
Texto de Celeste Aída Antônia da Rosa, publicado na edição nº 4, de maio de 1997, do informativo O ESTAFETA
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