CARAMURÚ
A escultura, um baixo relevo em bronze medindo 1,50 x 0,95 m, representa a chegada do náufrago português, Diogo Álvares Corrêa, às costas da Bahia. No primeiro plano está a índia Paraguaçu, tendo à mão um pássaro que o náufrago matara de propósito, fato que impressionou os nativos. Ainda no mesmo plano, genuflexo, em atitude carinhosa, está o cacique, a ouvir a filha que intercede em favor de Diogo, com quem se casará mais tarde. A fundição foi executada pelos irmãos Zênio e Curzio Zani, no Rio de Janeiro.
No segundo plano, menos elevado, estão vários índios admirados, em expressões e atitudes diversas, diante do náufrago que, caminhando pela praia, disparara o bacamarte contra o pássaro que a filha do cacique foi apresentar ao pai. Esse ato fez os nativos acreditarem que o português tinha algum poder sobrenatural. Ao longe, vê-se a caravela, que submerge.
Este trabalho de escultura foi executado para figurar na “Exposição do Mundo Português”, em Lisboa, em 1940. A comissão brasileira tinha como presidente o General Francisco José Pinto, Chefe da Casa Militar da Presidência da República.
Com este trabalho, apresentado também no Salão de Belas Artes, no Rio de Janeiro, no mesmo ano de 1940, o professor Antônio César Dória conquistou a “Medalha de Prata” conferida pelo Conselho Superior de Belas Artes.
Em 1943, na gestão do Coronel Waldemar Brito de Aquino, o autor concedeu à Fábrica Presidente Vargas todos os direitos autorais e artísticos da obra, por ter o mesmo evidenciado analogia entre o fato histórico e a Fábrica de Pólvora de Piquete: segundo a lenda, teria sido o disparo de Diogo Corrêa a primeira deflagração de pólvora em solo pátrio. Em Piquete, a FPV foi a primeira fabricante de pólvora química sem fumaça de nosso país.
“O Caramuru”, então, passou a decorar o Salão Nobre do Cassino dos Oficiais, na Vila da Estrela.
Em 15 de março de 1959, na praça Duque de Caxias, foi inaugurado o marco comemorativo do Cinquentenário da Fábrica e, ao seu lado, instalada a obra “Caramuru”. À época, o autor, escultor Antônio Cesar Dória, era diretor e professor da escola industrial masculina da FPV.
Antônio Carlos Monteiro Chaves – Piquete, 05 de maio de 2024.
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